Revisitando os clássicos
Ler os clássicos é buscar os fios do
novelo de muitas obras modernas e contemporâneas. Como não podemos afirmar que
as obras são puras, foi na leitura da Ilíada e da Odisseia de Homero e na
Eneida de Virgílio que encontrei
o Surgimento
da curiosidade e a forma de explicar os problemas da existência. Assim,
criaram-se deuses imortais antropomórficos, isto é, que assumiam a forma humana
e agiam à semelhança dos homens, lutando entre si, e, como os humanos, sentiam
ódio, amor, casavam e tinham filhos.
Ilíada
Parte 1 – Os
antecedentes da guerra de Tróia
A
Ilíada é o mais antigo texto literário da Europa e da cultura ocidental.
Inicialmente uma composição oral, memorizada e recitada em ocasiões especiais,
terá passado à forma escrita no século VIII a.C. pelas mãos de Homero. O
aparecimento da primeira epopeia está ligado ao nascimento de uma classe de
burgueses comerciantes nas cidades da Jónia, em Mileto e Esmirna, que difundem
o uso antigo da escrita, dando valor artístico a uma cultura poética informe.
Homero eleva ao nível de obra de arte uma parte da matéria tradicional épica
improvisada, escrevendo sobre o papiro, a Ilíada. Trata-se de um poema épico
trágico de XXXX organizados em 24 cantos que relata 55 dias do último ano da
guerra de Tróia (também conhecida como Ilión), um conflito lendário entre uma
aliança de cidades-estado gregas e a cidade de Tróia. Embora contenha aspetos
míticos, a história poderá basear-se num conflito entre micénicos e hititas do
século XII a.C.
A
cadeia de eventos que levou à guerra teve inicio quando os deuses se
encontravam reunidos para celebrar as núpcias de Tétis e Peleu. A Discórdia
lançou para o meio do casamento uma maça de ouro, dizendo que deveria ser dada
à mais bela das três deusas: Atena, Hera ou Afrodite. Como ninguém queria
encarregar-se de escolher entre as três deusas, Zeus ordenou a Hermes que as
levasse ao monte Ida onde Páris julgaria a questão. Cada deusa prometeu a Páris
a sua proteção e alguns dons especiais se ele decidisse a seu favor. Hera
ofereceu-lhe o domínio da Ásia, Atena prometeu-lhe sabedoria e a vitória em
todos os combates e Afrodite limitou-se a oferecer-lhe o amor de Helena de
Esparta, a mulher mais bonita do mundo. Páris decidiu que era Afrodite a mais
bela. No entanto, Helena já era casada com Menelau, rei de Esparta, e tinham
uma filha, Hermione, com nove anos.
Quando
Tíndaro, pai de Helena, decidiu que era hora de Helena casar, apresentou-se uma
multidão de pretendentes, entre eles estavam quase todos os príncipes da
Grécia. Com receio de ao escolher um pretendente descontentar os outros e gerar
uma guerra, Tíndaro segue o conselho de Odisseu: fazer com que os pretendentes
jurassem aceitar a escolha de Helena e socorrer o eleito em caso de
necessidade. Foi esse juramento que Menelau invocou, alguns anos mais tarde, e
que obrigou todos os chefes gregos a partirem para a guerra de Tróia. Em
reconhecimento do auxílio de Odisseu, Tíndaro consegue que Icário dê a sua
filha Penélope, prima de Helena, em casamento a Odisseu. A fidelidade conjugal
de Penélope granjeou-lhe a fama tornando-a célebre na lenda e literatura
antigas. A sua lenda é narrada sobretudo na Odisseia.
Professora Antónia
Cunha
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