Amor com aroma de cacau
Uma esplêndida reconstrução da época colonial
espanhola!
"(…) não sei como nem quando, e do resto
de África nada sei, mas chegará um dia em que esta pequena ilha se vai apoderar
de ti e não quererás abandoná-la. Talvez seja pela incrível capacidade de
adaptação que os homens têm. Ou talvez haja algo de misterioso nesta terra. (…)
não conheço ninguém que se tenha ido embora sem derramar lágrimas de
desconsolo."
Luz Gabás, uma escritora
espanhola, de 45 anos de idade, residente em Anciles, cerca de Benasque
(situado nos Pirenéus espanhóis), consegue descrever de uma forma quase
fotográfica as paisagens, os espaços geográficos de uma Guiné Equatorial dos
meados de séc. XX, da época da colonização. As descrições dos sentimentos, das
vivências dos nativos e dos colonos e das relações entre eles, são tão
pormenorizadas que retratam tão claramente… que o leitor fica com a sensação
que está lá e, não estando na realidade, fica com certeza, com vontade de fazer
uma viagem por África, para sentir os odores e observar o colorido daquele
ambiente, referido frequentemente neste livro.
Ao longo do livro,
intercalando o presente com o passado, a autora vai contando a história de uma
família espanhola dividida entre Espanha e a Guiné, as relações entre negros e
brancos, entre colonos e nativos, a eminência da independência, os trabalhos nos
cacauzeiros, as estações do ano, a política, a saúde, enfim,….uma recriação de
uma época onde também se viveram amores e desamores e onde ficou num mistério
que uma filha de um colono espanhol – Clarence - vai querer desvendar. Também
ela vai, 40 anos mais tarde, à terra onde o pai, o tio e o avô foram capatazes
e também, nela, África deixa a sua marca.
Este livro é em simultâneo
uma história de vidas e um documento histórico. Até eu fiquei com vontade de
visitar aquele continente. Voltei a registar aquilo que os nossos portugueses
sentiram quando retornados de África… uma saudade que ficou. Efetivamente,
África tem que ter um encanto especial, para deixar, naqueles que por lá
passaram um sentimento que, sempre que as recordações têm a oportunidade de
falar, traduzem uma vontade de lá voltar.
Li, em qualquer lado, que o
livro passará a filme ou série. Não vou perder!
Perante tudo isto não
poderia deixar de recomendar esta leitura de 516 páginas, cuja 1ª edição data
de 6 de novembro de 2012.
Helena Magalhães
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