José António Afonso Rodrigues dos Santos
(Beira, Província Ultramarina de Moçambique, 1 de abril de 1964) é um jornalista, correspondente de guerra, professor universitário e escritor português nascido na antiga província ultramarina portuguesa de Moçambique. Atualmente, apresenta o Telejornal, na RTP1. Em 2016 foi eleito o melhor escritor português, por 28.000 portugueses.[1]
Anos iniciais em África
Natural da cidade da Beira,na província de Sofala,
antiga província ultramarina de Moçambique do Império Português, filho de
José da Paz Brandão Rodrigues dos Santos (Penafiel, 13 de Outubro de 1930 - Janeiro de 1986), médico, e
de sua mulher Maria Manuela de Campos Afonso Matos,[2] e mudou-se ainda bebé, aos 15 meses, para a cidade de
Tete onde permaneceu até aos oito anos, convivendo com a Guerra Colonial. Tal como a esmagadora maioria dos portugueses,
alguns dos seus antepassados estiveram envolvidos na Primeira Guerra Mundial, na Flandres e na Guerra Colonial em África, sendo que o seu
segundo romance, intitulado A Filha do Capitão é assumido como um tributo que
lhes é prestado.
Percurso durante a adolescência
Após a separação dos seus pais, vai para Lisboa onde vive com a mãe. No entanto, as dificuldades
económicas da mãe levam-no a mudar-se para a residência do pai, em Penafiel, no norte de Portugal. A difícil adaptação do pai a terras lusas motivou a
partida para Macau. Já no
oriente, participa na elaboração de um jornal escolar, que desperta o interesse
dos responsáveis da rádio local e leva o jovem estudante a ser entrevistado por
uma jornalista que acabara de chegar a Macau: Judite de Sousa, hoje outra
bem conhecida jornalista portuguesa, com quem viria a trabalhar na RTP. Em 1981, aos 17
anos, o jovem José Rodrigues dos Santos inicia-se verdadeiramente no Jornalismo, ao serviço da Rádio Macau.
Família
Casou, em 1988, com Florbela Cardoso. Tem duas filhas,
Catarina Cardoso Rodrigues dos Santos (1991) e Inês Cardoso Rodrigues dos
Santos (1998).[2]
Carreira como jornalista
Em 1983, regressa a
Portugal para frequentar o curso de Comunicação Social da Universidade Nova de Lisboa. Terminado
o curso, candidata-se a um estágio na BBC, (British
Broadcasting Corporation), a bem conhecida emissora britânica de televisão. A
resposta é positiva mas não lhe é concedido qualquer financiamento. Aplica
então a herança do pai, entretanto falecido, em três meses de experiência
profissional em Inglaterra.
Regressa a Portugal, onde obtém duas distinções: o
Prémio Ensaio do Clube Português de Imprensa, em 1986 e o Prémio de Mérito Académico do American Club of
Lisbon, em 1987. Devido a
essas credenciais é convidado pela BBC World Service para trabalhar em Londres, onde fica durante três anos, até 1990.
Da BBC seguiu para
a RTP, onde
começou a apresentar o noticiário "24 Horas". Em 16 de Janeiro de 1991, as forças
coligadas de 28 países liderados pelos Estados Unidos dão início ao bombardeio aéreo de Bagdá, no Iraque, dando início à Primeira Guerra do Golfo. José Rodrigues dos Santos protagoniza então uma
maratona televisiva de cerca de 10 horas, sobre o ataque americano ao Iraque,
acabando posteriormente por se tornar o rosto mais conhecido da televisão
pública.
Em 1991 passou para a apresentação do diário
"Telejornal", o principal jornal diário da televisão portuguesa, no
ar já por quarenta anos, e tornou-se colaborador permanente da CNN (Cable News
Network), a cadeia norte-americana de informação em contínuo, de 1993 a 2002. Hoje
continua a apresentar o Telejornal.
Doutorado em Ciências da Comunicação, com uma tese
sobre reportagem de guerra, é professor da Universidade Nova de Lisboa e
jornalista da RTP, ocupando
por duas vezes o cargo de Director de Informação da televisão pública
portuguesa. É um dos mais premiados jornalistas portugueses, tendo sido
galardoado, além dos prémios já referidos, com o Grande Prémio de Jornalismo,
em 1994, atribuído
pelo Clube Português de Imprensa. Internacionalmente, venceu três prémios da CNN: o Best
News Breaking Story of the Year, em 1994, pela história "Huambo
Battle" relacionada com a Guerra de Angola; o Best News Story of the Year for the Sunday, em 1998, pela
reportagem "Albania Bunkers"; e o Contributor Achievement Award, em 2000, pelo
conjunto do seu trabalho, aquele que é considerado o Pullitzer do jornalismo televisivo.
Romancista
José Rodrigues dos Santos é hoje um dos jornalistas
mais influentes para as novas gerações e no panorama informativo nacional. No
entanto, além da sua mais conhecida faceta como jornalista, José Rodrigues dos
Santos é também um ensaísta e romancista. Especialmente nesta última vertente,
tornou-se dos escritores portugueses contemporâneos a alcançar maior número de
edições com livros que venderam mais de cem mil exemplares cada. Até ao final
de 2012 publicou quatro ensaios e dez romances. O romance de estreia,
intitulado A Ilha das Trevas foi reeditado pela Gradiva, em 2007, actual editora do autor.
Em 2005, José Rodrigues dos Santos estabeleceu um
acordo com uma das principais editoras a operar nos Estados Unidos, a Harper Collins, com o objectivo de lançar naquele país a obra O
Codex 632. O livro foi apresentado na Book Fair America de 2007 como um dos
principais lançamentos daquela editora, estando agendada a sua publicação para
o dia 1 de Abril de 2008 sob a
chancela da William Murrow, um dos principais selos do grupo. O livro estará à
venda na Barnes & Noble e na Borders, as duas principais livrarias dos EUA. Entretanto,
outro acordo foi obtido pelo autor e pela Gradiva com o Gotham Group, uma
empresa de Los Angeles ligada às principais produtoras de Hollywood, tal como a Paramount, Twentieth Century Fox ou a Universal Studios, com o objectivo de adaptar O Codex 632 ao cinema.
Conforme é descrito no site da RTP, José Rodrigues dos
Santos é um homem que perante os sérios problemas de um mundo em constantes
convulsões não perde o sentido de humor, sendo-lhe atribuída a frase irónica:
"Ainda não percebo porque é que o meu boneco do Contra Informação tem as
orelhas tão grandes…".
Obras
publicadas
Ensaio
Comunicação, Difusão Cultural, 1992; Prefácio, 2001
Crónicas de Guerra I - Da Crimeia a Dachau, Gradiva, 2001; Círculo de Leitores, 2002
Crónicas de Guerra II - De Saigão a Bagdade, Gradiva,
2002; Círculo de Leitores, 2002
A Verdade da Guerra, Gradiva, 2002; Círculo de
Leitores, 2003
Ficção
Série Tomás Noronha
O Codex 632, Gradiva, 2005
A Fórmula de Deus, Gradiva,
2006
O Sétimo Selo, Gradiva, 2007
Fúria Divina, Gradiva, 2009
O Último Segredo, Gradiva,
2011
A Mão do Diabo, Gradiva,
2012
A Chave de Salomão, Gradiva,
2014
Vaticanum, Gradiva, 2016
Sinal de Vida, Gradiva, 2017
Imortal, Gradiva, 2019
O Jardim dos Animais com Alma, Gradiva, 2021
Série Calouste Gulbenkian
O Homem de
Constantinopla, Gradiva, 2013
Um Milionário
em Lisboa, Gradiva, 2013
Saga do Lótus
As Flores de Lótus, Gradiva,
2015
O Pavilhão Púrpura Gradiva,
2016
O Reino do Meio Gradiva, 2017
A Amante do Governador, Gradiva, 2018
Série Francisco Latino
A Vida num Sopro, Gradiva, 2008
O Anjo Branco, Gradiva, 2010
O Mágico de Auschwitz, Gradiva, 2020
O Manuscrito de Birkenau, Gradiva, 2020
Outros
A Ilha das Trevas, Temas & Debates, 2002; Prefácio
e Círculo de Leitores, 2003; Gradiva, 2007
A Filha do Capitão, Gradiva, 2004
Prémios
Prémio Clube
Literário do Porto (2009)[16]
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