A Importância da Literatura
Texto de opinião acerca da literatura
como fonte de enriquecimento cultural e agente de transformação social
Penso que não haverá melhor forma de
enriquecimento cultural do que através da literatura (ou da leitura, no geral).
E pode isto ser, efetivamente, o agente de impulso para a transformação social,
já que, para mudar o mundo, primeiro é preciso conhecê-lo.
A literatura tem o superpoder de nos fazer movimentar no tempo e no espaço, sem realmente sairmos do momento e do lugar onde nos encontramos. Além disso, como já referi, se há coisa importante para repensarmos a forma como queremos agir ou ser, é conhecer a realidade e todo o processo que levou ao “aqui” e “agora” ser como é.
Exemplifico com algo que tenho estudado dentro do “Marxismo” (Karl Marx) que é o «materialismo histórico e dialético», conceitos da corrente filosófica que defendem que, para uma correta análise da sociedade e dos seus processos evolutivos, é preciso pensar sob um ponto de vista histórico e económico, de forma a encontrar as contradições sociais que nos levaram ao tal “aqui” e “agora”, com fim a poder, depois, formular as teorias de superação. Isto é bastante abrangente, mas só é realmente possível se houver forma de contacto com a realidade histórica, sendo a literatura fundamental para criar esta base de consciência social, a meu ver.
Nesta mesma linha de pensamento,
considero a literatura fulcral para o processo de criação de empatia. Haverá
outras formas de o fazer, contactos mais diretos com diferentes condições de
vivência e sobrevivência, mas a literatura, com o seu superpoder de
“teletransporte”, permite-nos encarnar nas personagens, consequentemente,
sentir e pensar como elas, mas sobretudo compreendê-las. Diria que,
inconscientemente, vamos tendo perceção de que existem diferentes realidades e
indivíduos, que enfrentam diferentes circunstâncias… Compreender isto é o
primeiro passo para, posteriormente, desenvolver uma reflexão consciente, que
pode levar-nos à criação de empatia e, possivelmente, à ação, logo, à
transformação social.
De facto, a literatura tem-se
revelado crucial no meu processo individual de geração de empatia. Através da
leitura de obras cuja ação se passa em períodos ditatoriais fascistas, consegui
perceber o quão degradante e opressor era (sobre)viver nestes períodos e, por
conseguinte, despertou em mim um sentido de luta ainda maior nestes campos, daí
ter-me politizado e partidarizado em instituições antifascistas.
Em suma, sublinho a importância que
a literatura pode ter em processos individuais de expansão de horizontes, que
podem vir a gerar um sentido de dever e transformação social, de forma coletiva.
Talvez se todos tivéssemos acesso à literatura e todos desenvolvêssemos tais
mecanismos, o mundo fosse um lugar melhor.
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